Se eu fosse medir a minha idade
das vezes que sorri, das vezes que chorei, dos momentos que senti e daqueles que
deixei que me sentissem, os números seriam incontáveis.
Mas, como os números
são infinitos, deixar-me-ei infinitar no tempo.
Ademais, jamais tive o gosto de
contar os desejos não realizados, os sonhos que ficaram pra trás, porque os
dias renovam os quereres e traz de volta a liberdade de sempre seguir em
frente, conquanto carregados de não e sim, num tentar constante, num continuar
de vida.
A idade não me pesa os ombros nem me faz tropeçar os passos.
Ela
apenas me conduz a um olhar mais seletivo, atinente a uma existência mais
simples, longe do vazio da ganância, da frieza do egoísmo e da pobreza da soberba.
Ao me olhar no espelho, vejo a minha alma sorrindo em extrema gratidão a Deus
pela saúde que me sustenta, pela paz que me alimenta e pelo amor que me abriga
de tudo que é bom e que me faz feliz.
Ao contar a minha idade, caso fosse isso possível,
exporia inverter números, contrariar regras, pular a lógica dos anos.
O fato é
que eu estou apenas, e simplesmente, pronta para viver um dia de cada vez.
Nada
mais, nada menos.
--- Gil Buena ---
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