Poetizo olhares para aninhar-me em sentimentos e busco
o sentir para dar motivos à poesia.
Construo versos, invento rimas, falo do que
vive o amor e escrevo do que ele me confidencia.
Traduzo o silêncio para nele
interpretar a fala que o secreto se mostra nas linhas tortas dos dizeres sem
respostas.
Pois, são nas letras atrevidas do poeta que a alma se expõe, revelando
os desejos retidos, os toques contidos, amores tantas vezes impossíveis.
Quiçá
a realidade pouse em seus ombros e lhe faça pesar a terra seca do que de fato
existe. E sobre a existência fria da verdade crua, o poeta doura o que sente.
Sente
e não mente!
Canta dores ao tentar cravar vírgulas em meio a pontos finais, exclama
espectros adormecidos e interroga a vida dos que fazem do mundo palco tão
somente real.
E no sem mais nada para despir, poetiza as vestes quentes dos
amantes apaixonados. E deixa a poesia falar... E deixa a poesia voar... E
deixo-me inspirar!
Porque todo amor, ainda que não se queira, ainda que não se veja,
traça à beira da razão e chega ao bosque do coração, donde sai a mais bela e
profunda inspiração.
--- Gil Buena ---