Quando comecei a entender a vida,
percebi que ela não era do tamanho dos meus sonhos.
Ela é bem maior do que eu poderia imaginar.
Então, numa tentativa de acompanhar tal grandeza,
resolvi amadurecer antes da hora.
Aí, passei a conviver mais com as lágrimas do que com os sorrisos.
Vi a luta diária da sobrevivência e a crueldade da ganância.
Enxerguei o que os meus olhos doces e infantis jamais suporiam
enxergar:
homens que matam homens,
não se dando conta de que eles também são uns simples (e reles) mortais.
Cresci e senti a liberdade distorcida,
onde sabotam os direitos das pessoas de ir e vir sem medo.
Ouvi a estupidez da mentira e o silêncio da justiça.
Presenciei a desordem das relações e os gritos de paz
que nunca fizeram jus aos corações;
pondo em xeque-mate a vida dos inocentes...
Pausa para decodificar as incoerências deste mundo!
Saí do casulo materno e entrei no ninho das cobras,
revestidos de humanos.
Sem volta, tenho que seguir em frente, em busca dos sentidos,
na procura do que faz a minha alma acreditar que os povos se unirão,
que a confraternização dominará a rivalidade,
que a guerra não mais será a pauta do dia.
Diante dos fatos tristes e doídos,
tento regressar à época de criança, novamente.
E o tempo me fala que não será mais possível,
porque foram momentos que se apagaram,
nas durezas das pedras intransponíveis
que encontramos pelos caminhos,
no podre amadurecimento das frutas amargas
e das flores com espinho.
--- Gil Buena ---
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