TEXTOS DE GIL BUENA

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14 fevereiro 2016

Preenche-me de Ti


Não tenho do que seja meu,
Quando do teu vive a me rodear.
Confusos sentimentos me assaltam a alma:
E dos  equilíbrios,
Tão puros e eternos...
Efêmeros desejos,
Não sabem mais em pé ficar.

Então, deita-te tu em mim.
Recolhe-me!
Preenche-me de ti.
Vigia-me!
Sufoca o desamor de dor.
Sorrateiramente, ganha-se cor,
Faz-me flor sem pudor.

Do que seja meu, em tu, morada se cria.
Pondera-se a razão de não se ter solução,
Nesta risca de amor, em teu ardor,
Desequilibra e esfria,
O que de por clemência,
E vingança anistia,
Meu corpo por ti ardia.

--- Gil Buena ---

Apenas sou


Aos poucos, tudo vai ficando no lugar, embora tenhamos mudado de cidade, de caminhos, de objetivos. Os passos param em paisagens diferentes, mas não dentro de mim. Os pensamentos voam por aí, porém não sai daqui, do que se construiu.

E, de repente, a gente percebe que se andou em dias dos quais se repetem em nossa mente; que voltam a vidas que nunca saiu de nós. E tudo começa e recomeça sem jamais ter acabado.

A gente observa que os dias se vão e que lutamos contra ou a favor do tempo, e que sempre estamos, com ele, num eterno embate. E sem nos escutar, o tempo segue invencível, fazendo-nos vencidos.

Vamos para algum lugar onde o sol queima, onde a chuva refresca, onde o fim inicia-se no começo e que, do começo, volta-se ao fim, num ciclo do ficar.

Corre-se pra quê?
Pra viver!

E nas andanças da vida, na peregrinação do existir, fragmenta-se o ser.

Somos pedaços de nós mesmos e de tudo que encontramos,
de tudo que perdemos, de tudo que conquistamos
e de tudo que nunca tivemos.

Somos até mesmo o que não sabemos e nem pra onde iremos.

Mas se insiste em perguntar: Quem sou?

Prolixamente, em mente, responde-se em voz, de pronto: apenas sou... e nada mais! 

--- Gil Buena ---

Tenho esperança na humanidade


Tenho esperança na humanidade. 
No café quente, tomado no seio da família. 
Na roda de amigos que se comunicam na presença 
do calor humano, entre olhares reais.

Também acredito, graças a Deus, 
na bondade das pessoas, 
na riqueza de coração, 
na troca de afeto, 
na sinceridade das palavras.

Tenho fé que o errado tenha conserto, 
que as boas ações sejam exemplos 
e que o amor arraste multidão.

Sou do tipo que fotografa sorrisos, 
coleciona gentilezas e põe em versos 
as prosas sábias contadas pelos idosos.
   
E por mais que as coisas se mostrem 
o contrário do que eu desejo, 
confio ainda num mundo cheio de vontades 
por se apoderar da paz,
onde os arco-íris dominam os dias, 
fazendo as horas mais leves, 
os caminhos em festas e a vida encantada, 
docilmente melhor.

--- Gil Buena ---